A velha turma ainda manda: a Educação não mudou de mãos, só de cadeiras

Promessas de renovação deram lugar à manutenção do poder. A primeira grande mudança na Secretaria da Educação mostra que a gestão Silvio Rodrigues pode estar apenas repetindo o enredo anterior, com os mesmos personagens de sempre.


Na última sexta-feira (30/05), o Diário Oficial revelou aquilo que muitos já desconfiavam nos bastidores: a tão esperada "nova gestão" na Secretaria da Educação pode não passar de uma releitura do antigo script, com os mesmos protagonistas — apenas em papéis diferentes.


Silvio Rodrigues, recém-nomeado gestor da pasta, iniciou seu mandato com uma movimentação que parecia ousada: exonerou três dos principais diretores e manteve as cadeiras vazias por uma semana, provocando burburinhos e expectativas de renovação. Mas, ao preencher os cargos, optou por seguir o velho roteiro de seu antecessor, Alex Viterali.


A principal troca foi a da professora e ex-candidata a vereadora Fábia Costa, que saiu da chefia de gabinete para assumir o Departamento de Gestão de Espaços Educacionais, tornando-se responsável pelos CEUs e por todos os contratos e projetos que os envolvem. O que poderia parecer uma mudança técnica revela, na prática, o fortalecimento de sua influência dentro da secretaria — e de sua projeção política.


Mais curioso ainda é o movimento seguinte: o ex-diretor financeiro Eduardo da Silva Tavares, conhecido como braço direito de Viterali, assume o posto deixado por Fábia. E, para manter tudo em família, sua esposa, Cíntia dos Reis Tavares, é nomeada para o cargo que era dele. Um rodízio de cadeiras com sobrenomes que não saem do tabuleiro.


Essas nomeações, apesar de legalmente válidas, soam como mais um capítulo do velho jogo político — aquele em que alianças valem mais que mérito, e cargos públicos viram moeda de troca para manutenção de poder. Onde fica a "gestão técnica" que tanto se prometeu?


Enquanto isso, quem observa de fora se pergunta: quem está realmente no comando da Educação de Guarulhos? Seria Silvio Rodrigues o timoneiro dessa nova fase, ou apenas mais um passageiro levado pela correnteza das antigas forças que comandaram a pasta?


E o prefeito Lucas Sanches? Estaria ciente — e de acordo — com o espaço mantido por figuras ligadas à gestão anterior de Guti em uma das secretarias mais estratégicas de sua administração?


Uma coisa é certa: a "nova política" ainda não sentou na primeira carteira. O fundo da sala continua lotado dos mesmos alunos veteranos, com novos crachás e velhos hábitos. E a educação, mais uma vez, é quem corre o risco de ser reprovada.