Antônio Lopes de Siqueira morreu em dezembro de 2024, 24 dias após ganhar sorteio de R$ 201 milhões


A Polícia Civil concluiu, nesta quarta-feira (4), o inquérito policial sobre a morte de Antônio Lopes de Siqueira, de 73 anos, ganhador da Mega-Sena, em novembro de 2024. Ele morreu 24 dias depois do sorteio que rendeu R$ 201 milhões a ele, enquanto fazia um tratamento odontológico em uma clínica de Cuiabá, no Mato Grosso. O dentista responsável pelo procedimento foi indiciado por homicídio culposo, quando não há intenção de matar.

+ Empresário investigado por golpe milionário é preso em Valinhos, no interior de SP

O documento policial divulgado diz que "o procedimento foi realizado sem monitoramento adequado de sinais vitais, como uso contínuo de oxímetro e monitor cardíaco; a anamnese foi insuficiente, baseada em simples marcações em formulário padrão e não houve a presença de estrutura de emergência mínima, como desfibrilador ou suporte avançado de vida". A Polícia Civil ainda apontou que o profissional não seguiu normas técnicas necessárias para o exercício da odontologia.

"O dentista foi indiciado por homicídio culposo pela inobservância técnica de profissão, arte ou ofício em face da vítima", informa o documento.

A investigação também apurou que durante o procedimento foi utilizada alta dosagem de anestésico, sem considerar a condição de saúde de Antônio, que era cardíaco, tinha hipertensão e diabetes. Além disso, o documento aponta a falta de respaldo de avaliação cardiológica por profissional capacitado. Com isso, foi constatado que a reação adversa do paciente não teve tratamento eficaz pela equipe odontológica.

Após o procedimento, o ganhador da Mega-Sena foi "liberado com acompanhamento clínico precário". Segundo o delegado Edison Pick, que conduziu o inquérito policial, as falhas demonstram "a violação do dever de cuidado objetivo e a inobservância de normas técnicas elementares no exercício da odontologia, contribuindo de forma direta para o óbito da vítima".

Apesar do dentista, que não teve o nome divulgado, ter sido indiciado, o documento policial não apontou que a motivação que ocasionou a morte de Antônio teria sido o prêmio do sorteio.

"O trabalho investigativo foi encerrado com o indiciamento do dentista pelo crime de homicídio culposo, previsto no art.121, §3°; com aplicação da causa de aumento prevista no §4º do Código Penal, visto que o crime resulta de inobservância técnica de profissão, arte ou ofício em face da vítima, Antônio Lopes de Siqueira", concluiu a decisão da Polícia Civil.

Agora, o inquérito segue para análise do Ministério Público, que avaliará se o profissional será ou não denunciado.