Elisabeth Morrone, de 71 anos, foi condenada pela Justiça de São Paulo pelos crimes de ameaça e injúria racial contra seu ex-vizinho, o músico e humorista Eddy Jr., nascido e criado em Guarulhos.

Em 2022, a mulher foi filmada proferindo insultos racistas e recebeu uma pena de um ano e dois meses de reclusão, além de um mês e cinco dias de detenção, em regime aberto, e multa. O filho dela, Marcus Vinicius Morrone Sartori, de 38 anos, também foi condenado e recebeu pena de dois meses de detenção, igualmente em regime aberto.

Nesse regime, os condenados cumprem pena em casas de albergado, presídios de segurança mínima onde permanecem à noite e nos fins de semana. Caso não haja vagas, a punição pode ser convertida em prisão domiciliar. O caso foi registrado na polícia em outubro de 2022.

Relembre o caso

Eddy Jr., que havia mudado de Guarulhos para um apartamento na Barra Funda, em São Paulo, relatou que estava passeando com seu cachorro quando encontrou Elisabeth Morrone na garagem do condomínio. Segundo denúncia do Ministério Público, a aposentada passou a insultá-lo, chamando-o de “macaco”, “neguinho”, “urubu” e “demônio preto”, além de dizer que sua casa deveria “feder”.

“Cai fora, macaco. Você não vai entrar no mesmo elevador que eu”, afirmou Elisabeth, conforme consta na denúncia.

O Ministério Público também apontou que, cerca de 40 dias antes, Marcus Morrone teria ido até o apartamento de Eddy portando uma faca. As câmeras de segurança registraram a ação e, segundo a acusação, ao tocar a campainha, ele teria ameaçado o humorista: “Seu arrombado, você vai morrer, seu desgraçado. Eu vou te matar.”

Em sua defesa, Elisabeth alegou à Justiça que não teve intenção de menosprezar a etnia de Eddy Jr. e afirmou que há anos sofre com o comportamento “antissocial do vizinho”. Segundo ela, já havia feito diversas reclamações ao condomínio por perturbação de sossego, incluindo barulhos altos no período noturno.

Em um processo civil contra o condomínio, a aposentada argumentou que o desentendimento em 18 de outubro ocorreu devido a mais um episódio de ruído excessivo.

Já a defesa de Marcus alegou que ele possui distúrbios psiquiátricos, incluindo esquizofrenia, e que já foi interditado judicialmente. Também afirmou que o humorista teria agredido Marcus de forma cruel. No entanto, o juiz Fernando Augusto Conceição rejeitou essa argumentação, destacando que “divergências entre moradores não podem ser resolvidas por meio de agressões físicas, ameaças e injúrias”.

A decisão judicial citou um laudo pericial que atestou a capacidade de entendimento de Marcus, mesmo com um diagnóstico de deficiência intelectual leve, o que impediu que ele fosse considerado inimputável. Elisabeth e Marcus ainda podem recorrer da sentença.